Carlos Moura, Presidente da AHRESP
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Para a União Europeia, a disponibilidade de alimentos não está atualmente em jogo, embora a acessibilidade dos alimentos possa ser um problema para os consumidores. A prevenção do desperdício alimentar traz poupanças económicas tanto para os operadores como para os consumidores, numa altura em que os preços dos alimentos estão a aumentar.
Cerca de 1/3 dos alimentos produzidos para consumo humano são desperdiçados ao longo da cadeia alimentar. Sendo este um dos principais problemas a nível económico, ambiental e social que se verifica nos dias de hoje num mundo em que o número de pessoas continua a aumentar, torna-se fulcral tomar medidas para combater este desperdício.
O Dia Internacional Da Consciencialização Sobre Perdas E Desperdício Alimentar foi então anunciado em dezembro de 2019 pela Assembleia Geral das Nações Unidas com o objetivo de incentivar o setor público e privado a atuar na redução do desperdício e nas perdas alimentares que vão ocorrendo do prado ao prato.
Em Portugal, embora não existam dados oficiais, estima-se que 1 milhão de toneladas de alimentos são deitados para o lixo, que dariam para alimentar as 360 mil pessoas com carências alimentares no nosso país, o que levou a Comissão Nacional de Combate ao Desperdício Alimentar (CNCDA) a desenvolver uma Estratégia Nacional e um Plano de Ação do Combate ao Desperdício Alimentar, aprovada pela Resolução do Conselho de Ministros nº 46/2018 de 27 de abril.
Esta estratégia, que visa uma produção sustentável para um consumo responsável, divide-se em 3 objetivos principais: prevenir, reduzir e monitorizar. Estes objetivos serão colocados em prática segundo o plano de ação que se encontra estruturado em 14 medidas:
M1. Rever e difundir guidelines de orientação de segurança alimentar com vista ao combate ao desperdício;
M2. Promover ações de sensibilização junto do consumidor;
M3. Desenvolver ações de sensibilização para a população em idade escolar;
M4. Desenvolver ações de formação específicas para diferentes segmentos da cadeia;
M5. Publicar regularmente painel de estatísticas dos níveis de desperdício alimentar incluindo a criação no portal das estatísticas oficiais de uma área dedicada a este tema;
M6. Divulgar boas práticas (guidelines e casos de sucesso);
M7. Promover o desenvolvimento de processos inovadores;
M8. Facilitar e incentivar o regime de doação de géneros alimentícios;
M9. Melhorar a articulação e envolvimento da administração do Estado na regulação europeia e internacional;
M10. Implementar plataforma colaborativa que permita identificar disponibilidades por tipo de géneros alimentícios;
M11. Promover locais específicos para venda de produtos em risco de desperdício;
M12. Desenvolvimento da metodologia para o cálculo do desperdício alimentar nas diferentes fases da cadeia;
M13. Desenvolver projetos piloto na área da saúde e nutrição;
M14. Elaborar relatórios periódicos para apresentação à tutela e divulgação geral.
A AHRESP, enquanto membro do Conselho Consultivo da Comissão Nacional do Combate ao Desperdício Alimentar e membro fundador do Movimento Unidos contra o Desperdício, tem vindo a alertar e sensibilizar todos os associados para a importância e necessidade de medidas com vista à redução do desperdício alimentar.
Sendo uma preocupação cada vez mais presente no dia-a-dia, a AHRESP desenvolveu uma infografia sobre Medidas eficazes para combater o desperdício alimentar, que acaba por ser uma ferramenta de trabalho com o objetivo de potenciar uma mudança de atitudes e a adoção de práticas de redução do desperdício alimentar por parte das empresas do setor.
A mesma poderá ser afixada na cozinha e nos espaços comuns do estabelecimento por forma a chamar a atenção de todos os intervenientes, quer se trate de colaboradores ou clientes, contribuindo, desta forma, para o alcance do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 12.3.
Para além disso, a AHRESP juntamente com o Turismo de Portugal, desenvolveu dois guias aplicados às atividades da restauração, similares e do alojamento turístico que abordam medidas sustentáveis de várias temáticas, destacando um capítulo inteiro sobre o desperdício alimentar, demonstrando, através de exemplos práticos, como é possível tornar o negócio mais sustentável, com maior benefício económico e ambiental.