Carlos Moura, Presidente da AHRESP
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Os comportamentos alimentares pouco saudáveis, como os elevados consumos de açúcares e gorduras e as dietas cada vez menos ricas em cereais, hortaliças e frutos, para além dos reduzidos níveis de atividade física, estão na origem da obesidade. Hoje, a obesidade é um problema de saúde pública, tendo sido já considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como a epidemia do século XXI.
Estima-se que em 2025, e caso não sejam desenvolvidas medidas concretas no âmbito da prevenção e controlo da pré-obesidade e obesidade, 50% da população mundial seja obesa.
Assim, as medidas a desenvolver terão como base, três pontos essenciais: alimentação, atividade física e modificação comportamental.
Obesidade em Portugal
Em Portugal, cerca de 32% das crianças com idades compreendidas entre 7 e 9 anos apresentam excesso de peso, sendo 11% obesas. Além disso, 24% das crianças em idade pré-escolar apresentam excesso de peso e 7% são obesas. Na idade adulta os indicadores são ainda mais preocupantes, uma vez que 50% da população tem excesso de peso, sendo 15% obesa.
Estima-se que os custos diretos da obesidade absorvam 3.5% das despesas totais da saúde.
A elevada prevalência da obesidade em Portugal, o aumento da sua incidência, a morbilidade e mortalidade associadas e os elevados custos que determina, constituem, assim, os principais fundamentos que explicam a necessidade de se estabelecer uma Plataforma Nacional contra a Obesidade. A sua implementação permitirá a diminuição e prevenção de doenças crónicas de elevada prevalência, como a diabetes e a doença cardiovascular, e conduzirá a ganhos na prevenção de outras doenças como o cancro e as doenças osteo-articulares.
Atendendo a que o setor da saúde não consegue isoladamente combater este problema, a Plataforma Nacional contra a Obesidade é uma medida estratégica, assumida politicamente a nível nacional, que visa criar sinergias intersectoriais, a nível governamental e a nível da sociedade civil.
Paralelamente, foi subscrita pelos Estados-Membros da OMS – Europa, entre os quais Portugal, uma Carta Europeia de Luta Contra a Obesidade. A carta prevê que o crescimento da epidemia estabilize em 2015, altura em que se deverão começar a esboçar as primeiras tendências de decréscimo. Assim, e de acordo com o preconizado na referida carta, a Plataforma Contra a Obesidade definiu as seguintes metas, a atingir nos próximos anos:
– Conseguir progressos visíveis na redução da Obesidade nas crianças e nos jovens;
– Contribuir para o controlo do crescimento da epidemia da Obesidade, até 2009;
– Quantificar a incidência, prevalência e número de recidivas da pré-obesidade e obesidade em crianças e adolescentes e adultos.
Gorduras Alimentares
As gorduras alimentares, embora sejam hoje, praticamente, indispensáveis na preparação de alimentos, seja na fritura, nos refogados ou temperos podem interferir ao nível do peso e obesidade do indivíduo. No contexto de uma alimentação saudável, as gorduras provenientes de diferentes alimentos, são essenciais ao bom funcionamento do nosso organismo e, quando consumidos nas proporções recomendadas (não excedendo os 30% de valor energético diário), são bem toleradas e têm diversos efeitos benéficos. Mas, quando consumidas em excesso, os efeitos prejudiciais são muitos e rapidamente se fazem sentir no nosso estado de saúde.
Diariamente ingerimos gorduras sob duas formas distintas:
Gordura visível: através da ingestão de alimentos individualizados e constituídos essencialmente por gordura, como é o caso da manteiga ou de azeite;
Gordura invisível: que surge na composição de vários alimentos, tais como, a carne, o peixe, o leite, o queijo ou alguns produtos processados industrialmente.
Mas as gorduras não são todas iguais e de acordo com a sua estrutura química, podemos classificar as gorduras como:
Gordura saturada: O consumo excessivo de gordura saturada está associado ao aumento do risco de doenças cardiovasculares, aumento do colesterol sanguíneo, etc. São alimentos ricos em gordura saturada: manteigas, queijos gordos, produtos de charcutaria gordos, banha de porco e margarinas.
Gordura monoinsaturada: O azeite é definitivamente o maior fornecedor alimentar de ácidos gordos monoinsaturados, devendo por isso ser sempre preferido em relação às outras gorduras, tanto para cozinhar, como para temperar. Outros alimentos como óleo de amendoim, os frutos oleaginosos (ex. amêndoas, nozes, amendoim, avelã, etc.) e o abacate fornecem também quantidades significativas de ácidos gordos monoinsaturados.
Gordura polinsaturada: Os ácidos gordos polinsaturados são componentes fundamentais da nossa alimentação. Desempenham papéis essenciais na resposta à infecção e são essenciais no crescimento e desenvolvimento do nosso organismo. Entre os ácidos gordos polinsaturados, temos os ácidos gordos da série ómega 6 e ómega 3. São boas fontes de gordura polinsaturada: óleos vegetais, frutos oleaginosos, cereais integrais, sementes, gordura de peixe, óleo de fígado de peixe e hortícolas de cor verde escura.
Assim, e porque no nosso dia-a-dia não podemos passar sem gorduras, deixamos algumas sugestões: