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Os três primeiros meses de 2023 foram os melhores de sempre no que diz respeito ao turismo, evidenciou o secretário de Estado do Turismo, Comércio e Serviços, Nuno Fazenda, na sessão de abertura do 9.º Fórum do Turismo Interno “Vê Portugal”. Contudo, como também fez questão de salientar Ana Jacinto, secretária-geral da AHRESP, “o facto de termos procura não significa maior rentabilidade para as empresas e não significa capacidade de investimento”
Ana Jacinto, secretária-geral da AHRESP, e Adolfo Mesquita Nunes, advogado e ex-secretário de Estado do Turismo
© Fotografia: Nuno Martinho
Na sua intervenção no último dia do 9.º Fórum Turismo Interno “Vê Portugal”, num painel moderado pela jornalista Sara Taínha sobre “Caminhos para o futuro do turismo interno”, que juntou também Pedro Costa Ferreira, presidente da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APVT) e Adolfo Mesquita Nunes, advogado e ex-secretário de Estado do Turismo, Ana Jacinto, secretária-geral da AHRESP, aconselhou prudência relativamente às expectativas geradas pelas recentes estatísticas positivas das áreas turísticas.
“É verdade que estamos com resultados recordes, mas temos de ser prudentes e ter os pés bem assentes na terra, pois a AHRESP representa um tecido empresarial muito micro, que ainda está muito fragilizado”, observou Ana Jacinto, lembrando que os números atuais não apagam o que estas empresas viveram: “Após dois anos de pandemia as empresas ainda não tiveram tempo para se robustecerem. A inflação alimentar continua a ser elevada e a inflação na restauração não acompanha esse aumento, ao contrário do alojamento que conseguiu subir preços à medida, o que significa que estamos a acumular e a engolir custos”.
Ana Jacinto, secretária-geral da AHRESP
A enorme carga fiscal sobre o rendimento do trabalho foi outro dos assuntos realçados por Ana Jacinto, algo que, de acordo com a secretária-geral, “a AHRESP tem sinalizado constantemente sem que haja qualquer acolhimento ao tema”. “Sabemos todos que tivemos um superavit ao nível fiscal e, como tal, poderíamos ter feito alguma coisa sobre os impostos ao nível do rendimento, mas nada foi feito”, referiu, sublinhando que “os salários na hotelaria e restauração poderiam continuar a aumentar se a carga fiscal diminuísse”, salientou.
A responsável lembrou igualmente que “ainda existe um caminho muito intenso a percorrer em temos da valorização do território e do nosso património histórico-cultural que é inigualável, mas que não se pode visitar”, exemplificando existem cerca de 38.015 monumentos em Portugal e que apenas 250 têm entrada controlada e estão abertos ao público.
Na sessão de encerramento do maior fórum de Turismo Interno nacional, Pedro Machado, presidente da Turismo Centro Portugal, em jeito de balanço do Fórum e de mandato, que termina em setembro deste ano, congratulou-se pelo facto de a marca Centro de Portugal “ser hoje uma realidade, o que resulta de um esforço de toda a equipa da Turismo Centro de Portugal”.
Pedro Machado, presidente da Turismo Centro de Portugal
Pedro Machado dirigiu um agradecimento especial à AHRESP, na pessoa do Comendador Mário Pereira Gonçalves, presidente durante décadas da associação e mandatário por quatro vezes do atual presidente da Turismo Centro de Portugal. “É um sentimento de profunda gratidão e de admiração de um grande Senhor, que já não está entre nós, mas a quem quero prestar a minha homenagem pelo homem que era, pelo muito que fez pelo turismo.”
Já Francisco Calheiros, presidente da Confederação do Turismo de Portugal, que encerrou os trabalhos evidenciou que “o turismo internacional é importante, mas os portugueses e o turismo interno são fundamentais para os territórios do interior”, concluindo que “o turismo continua a ser o principal motor da economia portuguesa, pelo que é preciso olhar para a sua promoção de forma estratégica”.
Francisco Calheiros, presidente da Confederação do Turismo de Portugal (CTP)
O 9º Fórum de Turismo Interno “Vê Portugal” decorreu este ano entre 29 e 31 de maio, na Covilhã, subordinado ao tema “INSPIRAR. CRIAR. TECER NOVOS CAMINHOS PARA O TURISMO INTERNO”. O evento contou com dezenas de oradores dos vários segmentos da atividade do turismo, representantes do governo, associações empresariais, empresários, académicos e, naturalmente, as regiões de turismo e Turismo de Portugal que consolidaram o conceito de trabalho em rede, transversal a todo o Fórum.
O Jornalista Paulo Baldaia na moderação do painel que reuniu os presidentes das regiões de Turismo. Da esq. para a dir.: Luís Pedro Martins (Porto e Norte de Portugal); Luís Araújo (presidente do Turismo de Portugal); Pedro Machado (Centro de Portugal); João Fernandes (Algarve); e Vítor Silva (Ribatejo e Alentejo)