Carlos Moura, Presidente da AHRESP
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Segundo os mais recentes dados do INE, entre outubro e dezembro do ano passado fecharam 1281 estabelecimentos de restauração e similares, o que se traduz numa média de 14 negócios a fechar por dia no último trimestre de 2022. Ana Jacinto, secretária-geral da AHRESP, analisa, em entrevista na Manhã SIC Notícias, o impacto da inflação na restauração e sugere caminhos para mitigar os desafios que o setor enfrenta.
“Dados desta semana do Instituto Nacional de Estatística apontam para que no último trimestre de 2022, 1281 estabelecimentos de restauração e similares fecharam as portas: fazendo as contas, temos cerca de 14 estabelecimentos a fechar por dia e isto são dados oficiais. Mas como sabemos, neste setor, os negócios fecham silenciosamente, pelo que estimamos que este número seja superior. Sabemos que há novos estabelecimentos a abrir, mas os que fecham são em maior número e nós sabemos que muito se deve à pressão inflacionista.”
“Em fevereiro, registou-se uma inflação de 21,5%, mas o setor apenas aumentou 10% os preços ao consumidor, que significa que não se está a repercutir o custo real para o consumidor, sob risco de perder clientes. Ou seja, está-se a incorporar esses custos, depois de dois anos de pandemia, com empresas ainda muito fradigilizadas e tesourarias débeis.”
“Desde o final da época alta que a AHRESP tem vindo a alertar para este cenário, que infelizmente se veio a concretizar. Sempre em diálogo construtivo com o governo, temos vindo a solicitar várias medidas, nomeadamente a redução da taxa de IVA sobre os serviços de alimentação, mesmo que de forma temporária (a nossa proposta é de uma redução durante um ano), que preconizamos como uma medida essencial que permite às empresas consolidarem as suas tesourarias. Mas há mais medidas, como por exemplo a redução da carga fiscal sobre o rendimento do trabalho: num setor com uma escassez enorme, tem-se feito um enorme esforço para aumentar salários, e uma carga fiscal tão pesada não é de forma alguma favorável para a situação que estamos a viver. Ajudaria muito que essas medidas fossem implementadas e a AHRESP continuará a dialogar com o governo sinalizando a sua importância.”