Carlos Moura, Presidente da AHRESP
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A sede da AHETA foi palco, no passado dia 15 de dezembro, da Jornada Regional Algarve, dedicada ao tema “Destino Algarve”. A sessão de abertura contou com as participações do presidente da AHRESP, Carlos Moura, e do presidente da Câmara Municipal de Albufeira (CMA), José Carlos Rolo, tendo-se seguido um intenso debate com dois painéis sobre a “Estruturação e valorização do produto turístico” e “Algarve – Destino Seguro”.
Com moderação de Ana Jacinto, secretária-geral da AHRESP, o primeiro painel teve a participação de André Gomes, presidente da Entidade Regional de Turismo do Algarve, António Loureiro, diretor-geral da IBEROJET, e Helena Reis, professora na Escola Superior de Gestão Hotelaria e Turismo, da Universidade do Algarve.
No segundo painel participam o major-general Agostinho Costa, comentador e especialistas em assuntos de segurança, José Carlos Rolo, presidente da CMA, e Hélder Martins, empresário e presidente da AHETA.
Fique com os highlights desta que foi a última jornada do ciclo de eventos que a AHRESP realizou ao longo de 2023, cumprindo a sua missão de proximidade com os seus associados e empresários do canal HORECA.
Carlos Moura | Presidente da AHRESP
“A AHREP tem de estar onde estão as empresas e o tecido empresarial. E, como tal, os nossos colaboradores nas delegações têm um trabalho diário de acompanhamento ao tecido empresarial.”
“O facto de estarmos aqui e de fazermos este planeamento descentralizado é exatamente para recolher as dores dos nossos empresários, porque isso fortalece-nos e dá-nos oportunidade de melhorar.”
“Temos de ter muita firmeza – aliás, podem acreditar que muita da legislação não é tão má porque a AHRESP exerce a sua influência e tem capacidade em ouvir os nossos empresários e os nossos gestores.”
“A AHRESP tem um plano, que já está em marcha, de grande envolvimento com as autarquias, que é o de estabelecer contratos-programa com as autarquias. Nós não queremos protocolos para a fotografia, queremos trabalho e já temos várias autarquias que celebraram connosco contratos-programa suportados por uma bolsa de horas.”
“Somos o sétimo destino mais seguro do mundo e o quarto mais seguro da Europa, mas em contrapartida temos o quarto pior aeroporto do mundo; Somos um povo hospitaleiro, mas falta-nos trabalhadores; Temos reconhecida qualidade de serviço, mas apostamos de forma insuficiente na capacitação; Promovemos investimentos em alojamento local (AL) e aumentámos a legalidade, mas atacamos e diabolizamos o AL com sucessivas alterações legislativas; aumentámos dormidas e receitas, mas reduzimos margens; Temos as maiores dotações financeiras comunitárias, mas temos também instabilidade política atrasando as necessárias decisões.”
“A economia do turismo teve um grande impulso, restabeleceu o rumo do crescimento económico em Portugal, mas isso não nos garante o futuro. Estamos bem, mas temos que acautelar o futuro.”
André Gomes | Presidente da Entidade Regional de Turismo do Algarve
“Em outubro de 2023 conseguimos ultrapassar a fasquias dos 500 mil hóspedes e dos 2 milhões de dormidas, o que representa mais de 7% de hóspedes e mais 8% de dormidas face a 2022 e mais 12% de hóspedes e mais 7% de dormidas face a 2019, que ainda hoje está como referência como o maior ano turístico de sempre.”
“Registamos com apreço que nos primeiros 10 meses de 2023 temos um aumento impressionante de 7,2%, ultrapassando os 4,7 milhões de hóspedes na região do Algarve e um crescimento de 6,1% de dormidas, atingindo quase os 19 milhões relativamente ao ano passado. Este aumento notável das dormidas dos não-residentes não só anulou a queda das dormidas nacionais, como permitiu até à região de registar um crescimento acumulado de um milhão de dormidas até outubro.”
“Creio que 2023 vai desmontar o efeito da sazonalidade como nunca esta região conseguiu demonstrar.”
“O novo voo para os EUA vai ser sem dúvida uma oportunidade para a região. Congratulamo-nos muito pela obtenção desta rota, que representa um primeiro passo, porque agora precisamos de garantir uma oferta estruturada e com qualidade para o turista americano.”
António Loureiro | Diretor-geral da IBEROJET
“A hotelaria portuguesa começou a não ter vergonha de aumentar preços.”
“Depois da Covid, estamos, a nível mundial, a 73% da oferta que tínhamos em 2019, ou seja, ainda temos 34% de progressão. Além disso, penso que a hotelaria no Algarve respondeu bem face da demanda e da expetativa que os operadores portugueses criaram relativamente ao Algarve para esse ano.”
“Este Algarve nada tem a ver com o Algarve que tínhamos em 2012- 2014. Felizmente que o combate à sazonalidade está ultrapassado.”
“Está na altura de o Algarve começar a pensar em aproximar-se mais da comunidade, em criar um urbanismo operacional, pensar em transformar as cidades em sítios um pouco mais atrativos sob ponto de vista de conteúdos.”
“É preciso inovação e inovação significa por exemplo entregar aos recursos humanos o empowerment de decisão que eles não têm, porque inovar começa nos recursos humanos e não no empresário. O empresário tem de entregar aos recursos humanos todos os recursos que precisam para poder manobrar as unidades de uma forma muito mais eficiente e torná-las muito mais próximas da comunidade – e a isso chama-se capacitação, formação.”
Helena Reis | Professora na Escola de Hotelaria e Turismo, da Universidade do Algarve
“Nós antecipamos tendências, mas elas já estão de facto a acontecer. O estudo que fiz sobre hotéis de luxo diz-nos que o que as pessoas entendem como luxo é ter tempo para estar com a família, e luxo é também ter experiências, além disso, os conteúdos históricos são fundamentais.”
“Os estudos indicam ainda que os turistas em hotéis de luxo valorizam os recursos humanos e a forma como são atendidos.”
“Atualmente, a tendência vai muito além do sol e praia, nomeadamente no mercado do bem-estar e saúde.”
“Temos vindo ao longo dos anos, muito lentamente, a tentar ajustar os nossos conteúdos às atividades dos hotéis, dos restaurantes e a tentar formar pessoas que se orgulhem do que estão a fazer. E quando vejo alunos nossos em caixas de supermercado é evidente que fico triste.”
Major-general Agostinho Costa | Comentador e especialistas em assuntos de segurança
“Como dizia o saudoso professor Adriano Moreira, a segurança é o eixo da roda, não anda, mas faz andar.”
“Podemos melhorar no sistema de Segurança Interna, mas não na eficácia, mas sim na eficiência.”
“Quem sabe de segurança são as autoridades locais, são os agentes que estão junto à população, são as empresas, são as comunidades. Portanto, a segurança é, naturalmente, um assunto de Estado, mas não é um assunto exclusivo do Estado, até porque os desenhos das respostas às questões de segurança vão muito para além das questões do Estado.”
“O SEF não serve para nada e ainda bem que acabou. Para carimbar um passaporte não é preciso um inspetor. Um polícia que ganha um terço faz a mesma coisa. O SEF era uma aberração.”
“É preciso repensar o Sistema Nacional de Segurança Interna. E isso é uma questão de haver coragem política.”
“Não faz sentido a segurança em Albufeira ser controlada em Lisboa pelo Comando Geral ou comando da PSP, esses devem sim, apenas tratar do que é comum, como materiais ou formação.”
“A segurança nas praias passa naturalmente por atribuir essa tutela à Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil. A partir daí, o problema fica resolvido.”
“A verdadeira ameaça à segurança no Algarve não são os russos, 80% da criminalidade organizada traduz-se em 37% de tráfico de estupefacientes, e a restante percentagem em tráfico de seres humanos, fomento da emigração ilegal e produtos de contrafação.”
“A segurança tem de ser vista numa perspetiva alargada. A segurança tem uma dimensão social, tem a ver com a partilha das diferenças e com a ausência do medo – ‘freedom from fear’, como disse Franklin D. Roosevelt.”
José Carlos Rolo | Presidente da Câmara Municipal de Albufeira
“Estamos ao inteiro dispor para começara a trabalhar com a AHRESP, e partir essa pedra bruta que terá que começar a ser moldada, para depois fazer um contrato-programa com a consequente execução.”
“Mais do que estarem seguras é preciso que as pessoas se sintam seguras. Se as pessoas sentirem que há segurança, então o país é mesmo seguro.”
“A segurança é uma das variáveis mais fortes para o turista escolher um destino de férias ou de residência.”
“É importante, fundamental e imprescindível continuar com o sentimento de que o país em geral e o Algarve em particular é um destino seguro.”
“A segurança não é apenas a segurança de pessoas e bens, mas também a questão da saúde, da falta de equipamentos de saúde a funcionar melhor e da redução dos meios de emergência e socorro.”
“O número de turistas não foi acompanhado pelo número de ativos da Guarda Nacional Republicana.”
“O número de equipamentos e recurso humanos presentes no território Algarvio não é suficiente para as necessidades.”
Hélder Martins | Empresário e presidente da AHETA – Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve
“O Algarve tem de apostar no luxo, mas também no luxo fora do hotel.”
“O Algarve tem algumas questões de segurança, nomeadamente alguma pequena criminalidade. Um dos problemas graves que se vive hoje em quatro destinos do algarve – e um deles é Albufeira – é a venda de droga nas esplanadas, à vista desarmada. E, enquanto não tivermos uma legislação que permita que isso não possa acontecer, essas situações vão continuar a acontecer.”
“Continuo a achar que o Algarve é um destino seguro – os meus clientes estão como se estivessem na casa deles ou melhor -, mas temos de perceber as lacunas que temos e tentar melhorá-las.”
“A proposta da AHETA é assumir a possibilidade de construção de alojamento para os nossos funcionários – nós próprios sugerimos que esse alojamento seja aprovado em condições de alojamento social, e que tenha um ónus que não possa ser vendido durante 50 anos. O objetivo seria ter os meus funcionários bem instalados e com um shuttle que os vai buscar, pois só assim resolvo os problemas da falta de transportes.”
“Enquanto não houver transporte e capacidade de alojamento, o Algarve vai viver a situação que vive hoje que é a de ir ‘roubar´ empregados ao vizinho do lado. Isto não é estrutural e não é seguro. Batemos à porta de vários membros do governo sobre esta matéria e até agora o resultado foi zero, mas não desistimos, porque é essa a nossa missão.”
“Deveria existir um reforço policial não apenas no verão, mas no ano inteiro.”